O que se sabe e o que falta saber sobre a morte de adolescente que ficou quatro dias desaparecida na Grande Natal
06/11/2024
De acordo com a polícia, Maria Fernanda da Silva foi estuprada e espancada até o morte pelo suspeito, que é ex-vizinho da família da menina; perícia vai confirmar a causa da morte. Maria Fernanda, de 12 anos, desapareceu ao sair de casa para a escola na Grande Natal
Cedida
A adolescente Maria Fernanda da Silva Ramos, de 12 anos, desapareceu na última quinta-feira (31) ao sair de casa para a escola, no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante, região metropolitana de Natal.
Após quatro dias de buscas, o corpo da menina foi encontrado parcialmente enterrado na segunda-feira (4). No mesmo dia, a polícia prendeu o pedreiro Alex Moreira da Silva, conhecido como Bila, de 35 anos, um ex-vizinho da família, que confessou o crime.
Nesta terça-feira (5), a polícia divulgou detalhes da operação e disse que o homem estuprou a menina e a matou espancada. Porém, os investigadores ainda aguardam laudos periciais que confirmem essas informações.
Veja o que se sabe e o que falta saber sobre o caso:
Onde e quando Maria Fernanda desapareceu
Maria Fernanda morava com a família no bairro Golandim, na Rua Santa Margarida Maria. Segundo familiares, ela desapareceu ao sair de casa no início da tarde da última quinta-feira (31) para ir à Escola Municipal Genésio Cabral, no mesmo bairro.
A menina tinha passado a manhã em um projeto social do bairro Golandim, onde participava de aulas de reforço e atividades esportivas.
No caminho, ela passou novamente em frente ao projeto social, mas não chegou à escola. Ela foi vista pela última vez na Rua Professor Luiz Soares. Testemunhas afirmaram ter visto a jovem entrando em um carro vermelho, após conversar com um homem.
Adolescente desaparecida passou na frente de projeto social durante o trajeto para a escola no bairro Golandim, em São Gonçalo do Amarante
Sérgio Henrique Santos/Inter TV Cabugi
Como foram as buscas
A família começou a buscar informações sobre Maria Fernanda ainda na quinta-feira (31) e recebeu o relato de testemunhas a respeito do homem em um carro vermelho. O boletim de ocorrência na Polícia Civil foi registrado na manhã da sexta-feira (6).
No mesmo dia, o Ministério da Justiça inseriu o desaparecimento de Maria Fernanda no programa Amber Alert - um sistema de alertas urgentes adotado pelo Brasil desde agosto de 2023, que é ativado em alguns casos de rapto, sequestro ou desaparecimento de crianças.
O sistema dispara publicações nas plataformas da Meta (como Facebook e Instagram) para anunciar a descrição da criança seqüestrada, além de descrições de qualquer indivíduo suspeito de envolvimento no crime. Quando o Amber Alerts é ativado, há um comunicado especial encaminhado às plataformas da Meta para publicar o alerta no raio de até 160km do local do fato ocorrido.
Maria Fernanda da Silva Ramos desapareceu em São Gonçalo do Amarante
Divulgação
A família também entregou à polícia imagens de câmeras de segurança que mostravam um carro modelo Strada passando na mesma rua na qual a menina foi vista pela última vez, porém, ainda na sexta, a polícia localizou o motorista do veículo e descartou a participação dele no crime.
Durante as investigações, a polícia identificou que o suspeito do crime estava em uma caminhonete vermelha, modelo S10.
Encontro do corpo e prisão
O suspeito foi preso na segunda-feira (4) na comunidade Arenã, em São José de Mipibu. De acordo com o delegado Darlan Dantas, do Departamento de Iteligência Policial, após ser preso, o homem que trabalha como pedreiro confessou o crime e levou os policiais ao local onde queimou o carro usado por ele, em Macaíba, e ao local onde enterrou a vítima, em uma área de mata perto da BR-101, em Extremoz.
Momento em que suspeito de matar adolescente na Grande Natal é preso
Ele passou por audiência de custódia nesta terça-feira (5) e foi mantido preso pela Justiça do Rio Grande do Norte. O corpo da vítima foi sepultado também nesta terça (5) em São Gonçalo do Amarante, sob comoção da população.
Quem é o suspeito?
O homem preso pelo assassinato de Maria Fernanda foi identificado como o pedreiro Alex Moreira da Silva, conhecido como Bila, de 35 anos, um ex-vizinho da família da adolescente no bairro Golandim.
De acordo com a Polícia Civil, atualmente o homem mora com a esposa em Macaíba- outra cidade da região metropolitana - e tem 5 filhos pequenos, sendo 4 meninas.
Depois do crime, ele fugiu para casa de parentes no distrito de Arenã, no município de São José de Mipibu, também na Grande Natal.
Suspeito foi preso em uma operação das equipes de investigação e confessou o crime.
Reprodução
Segundo a polícia, a princípio, o suspeito de assassinar a adolescente irá responder por três crimes: estupro de vulnerável, homicídio qualificado e ocultação de cadáver. Se condenado com penas máximas somadas ultrapassam os 50 anos de cadeia.
O suspeito não possui um histórico criminal, mas a polícia está traçando o perfil para entender se existe algum crime anterior da mesma natureza.
"O perfil é um próximo passo importante, até para saber se existe a possibilidade de ele já ter cometido algum crime da mesma natureza, porque ele demonstrou uma frieza e um conhecimento muito grande de se desfazer das provas", explicou o delegado.
Como o crime aconteceu
O delegado responsável pelo caso, Márcio Lemos, da Divisão de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), acredita que Maria Fernanda foi espancada até a morte.
Segundo o delegado, imagens às quais a polícia teve acesso mostram que aparentemente Maria Fernanda estava esperando o homem, que a buscou por volta das 12h30 no bairro. A polícia acredita que eles tinham marcado um encontro.
A suspeita é de que o homem violentou a menina sexualmente e depois a matou.
"As 14h30, ele já retorna, então já tinha acontecido a questão da violação sexual e da ocultação de cadáver, o homicídio. Na versão dele, ele diz que houve um desentendimento, então a gente acredita que tenha sido o não consentimento dela, que evoluiu para um estupro, ela correu, tentou fugir e ele confirma que foi um espancamento", explicou o delegado.
Os investigadores aguardam laudos do Instituto Técnico-Científico de Perícia (Itep) para confirmar a versão.
Ainda segundo a polícia, o homem queimou o veículo após descobrir que o caso estava ganhando repercussão.
Família não acredita que Maria Fernanda marcou encontro
Apesar da versão da Polícia Civil, a família de Maria Fernanda não acredita que a menina tenha marcado um encontro com o homem.
"Peço encarecidamente às autoridades que investiguem isso a fundo, porque isso não existe. Ela não tinha nenhum relacionamento com esse monstro", disse Eliane Lima, tia da menina.
"Ele não era namorado dela, nunca foi nada dela, nem conhecia ela", disse Vitória Ramos, irmã de Maria Fernanda.
Após o desaparecimento, familiares relataram que ela era uma menina tranquila, que estava sempre em casa, na escola ou no projeto social do qual participava e não tinha aparelho celular.
Ela mantinha redes sociais abertas nos celulares dos familiares, que não perceberam nenhum diálogo com algum estranho.
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